22 de julho de 2012

Mais do que pseudociência




Esse review do piloto de Fringe, é o meu primeiro texto falando sobre uma série de TV, é algo novo para mim e vou procurar fazer mais resenhas do tipo. Isso vai funcionar mais ou menos como um teste, já que pretendo escrever sobre a última temporada de Fringe aqui no site quando ela for lançada daqui dois meses. Esse texto não contém spoilers.


-----------------

Os anos 2000 alçaram ao estrelato um dos mais talentosos showrunners de todos os tempos, J.J. Abrams. No fim da década de 90, ele foi responsável pela criação de um drama adolescente não muito bem recebido pela crítica especializada americana, mas apenas três anos depois ele lançou junto com a ABC a série de espionagem Alias, que ajudou a revigorar o gênero que não era tratado com o respeito necessário havia muito tempo.

Com o relativo sucesso de público e crítica proporcionado pela série estrelada por Jennifer Garner, Abrams partiu para o projeto que o alçaria ao estrelato e o tornaria um dos mais bem vistos diretores de Hollywood.  Lost foi sem dúvida alguma a série mais importante da década passada, por mais que o resultado final da obra não tenha sido elogiada pela imensa maioria do público, a forma como ela se tornou um objeto de discussão que aficcionava os seus fãs a cada episódio lançado.

Sem dúvida alguma não há um fenômeno da TV americana tão imenso quanto o proporcionado pela Ilha, no entanto a maturidade de Abrams não tinha atingido o seu ápice ainda. Quando Lost caia na audiência depois do desligamento de seu principal showrunner da série, o mesmo apresentava um novo projeto para série para a Fox. O piloto original da série, que fez com que o canal levasse a idéia pra frente sofreu alguns pequenos ajustes, o que o tornou ainda mais instigante e mais próximo do clima que a série teria depois de algumas temporadas terem se passado.

Acho incrível como Abrams e os outros showrunners, os já bem sucedidos roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci, conseguiram já empregar uma narrativa interessante logo no episódio piloto. Levando em conta que Fringe surgiu como mais uma série investigativa sobrenatural, ela se sai bem ao tentar evitar as comparações com a já finada Arquivo X. Por mais que o clima nos remeta um pouco a série de Mulder e Scully, Fringe consegue manter sua identidade e criar personagens que destoam bastante dos da clássica série.

Personagens estes que são alguns dos mais profundos criados na TV aberta americana desde que essa teve o seu mais novo boom no início do milênio. Anna Torv constrói com sua Olivia Dunham como uma personagem forte, que apesar de ter um fraco para com um de seus companheiros de FBI, se mostra bem centrada em todo o serviço que presta e ainda assim sem perder as emoções, se tornando algo mais do que uma simples agente federal com a personalidade de um robô.

Já Joshua Jackson, um rostinho carimbado para os fãs da série Dawson's Creek, aparece aqui com outro dos protagonistas. Peter Bishop é um gênio pródigo, acho interessante essa dubiedade que o roteiro imprega nele, já que por mais que ele tenha esse individualismo de se preocupar com ele, Peter também se mostra preocupado com as pessoas a sua volta, com destaque para a Agente Dunham e para o seu pai, Dr. Walter Bishop.

Esse último que é, pra mim, o melhor personagem de toda a série. Todos os acontecimentos ocorridos segundo o Padrão são relacionados a seus experimentos e daí vem sua importância na série. Além disso, John Noble constrói aqui um dos personagens mais injustiçados da história, não tendo sido indicado para nenhum Emmy sequer em quatro temporadas. Esse piloto mostra o quão incrível é a construção desse personagem, com a senilidade e a genialidade de Walter se revezando, o que só aumenta a potencialidade da atuação. O mais incrível é a forma como criamos um certo carinho pelo Dr. Bishop, por mais que ele tenha se envolvido em péssimas situações, como a do suposto cobaia morto em seu laboratório, e por mais que tenha sua parcela de culpa no ocorrido, nós nunca deixamos de vê-lo como uma boa pessoa e acreditarmos que temos nele as poucas esperanças que restam para entender o Padrão.

Para finalizar, Fringe é sem dúvida a mais interessante série de ficção científica desde o cancelamento de Firefly e isso já era aparente desde o seu piloto. Que é um episódio muito bem construído, que eleva todos os seus clichês há uma certa potência e cria personagens profundos, que teriam um grande e muito bem criado caminho até a derradeira temporada da série.

Um comentário:

  1. Muito legal o que vc disse sobre a série!!!!

    Até me interessou em assistir, já tinha visto muito comentários bons e nunca fui atras pra ver se a série é boa mesmo!!

    Beijos!

    ResponderExcluir